quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

OPINIÃO

A ocupação tem valores que o prórpio valor desconhece

Na primeira empresa de comunicação em que trabalhei, aos 16 anos, com meus patrões e colegas discutíamos a ausência de modelos. Modelos de liderança, modelos políticos, modelos sociais. Quais os modelos a seguir? Quem são nossos modelos? Essa foi uma angústia adolescente muito bem implantada na minha cabeça. Foi através dela que não descambei para a total alienação e de certa forma, consegui adquirir modelos. Mas em sua maioria, saíram de moda, desmodelaram. E agora?
Quase seis anos se passaram, as perguntas continuam e mais do que a necessidade de um modelo personificado, eu me torturo: que valores? Quais os valores desejados, construídos e desconstruídos, respeitados, subvertidos? Que valores são bons e que valores são maus?
Uma estrada de ferro está para vir cortar nossos campos sob a idéia do desenvolvimento, uma multinacional vem buscar nossas vísceras, digo, dos porcos de nossa região para anticoagular o mundo, um grupo de famílias do MST ocupa uma terra de uma empresa falida, com procedimentos fiscais duvidosos, para chamar a atenção dos órgãos competentes pra necessidade de alguns hectares pra plantar a subsistência. Quais valores estão implícitos nisso tudo? Valores de prodresso, valores de posse, valores em reais, em dólares, valores morais?
O desenvolvimento não percebe valores sociais. Sociais. Uma estrada de ferro vai desmatar, mas vai gerar riqueza. Riqueza pra quem? Pra que se preocupar com o meio ambiente se o mais importante é avançar no capital?
Uma multinacional se instala num município e gera, diretamente, menos de dez empregos e indiretamente alguns frigoríficos na região Sul podem se beneficiar, ma quem é que liga pra questão social da coisa se as vísceras dos porquinhos, criados pelo pequeno agricultor vão pro outro lado do mundo e vão se tornar remédios mais tarde. Remédios, esses que faltam nos postos de saúde e que msmo a classe média se ferra toda pra pagar absurdos nas farmácias que já pagaram outro absurdo pras indústrias farmacêuticas.
E esses sem terras? Querendo fazer reforma agrária. E embora eu ainda não saiba responder sobre valores, com muita propriedade, eu me pergunto e ao me perguntar eu prefiro valores sociais. Prefiro a ocupação da empresa falida e a falência de outras tantas.
LARISSA MAZALOTI

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